A série de entrevistas do Agrishow Pra Elas 2025, também contou com a presença de uma das estrelas do Brasil: o café! O país é dos maiores produtores do mundo, por isso, não ficaria de fora dos nossos bate-papos. Desta vez, Andressa Biata recebeu Beth Kim, gestora da Fazenda São Sebastião, localizada em São Tomé das Letras (MG), que compartilhou sua trajetória na produção de café de alta qualidade voltado para exportação.
A propriedade, que produz café para o mercado internacional, conquistou há oito anos a certificação Rainforest Alliance, um selo reconhecido mundialmente que atesta práticas sustentáveis. Durante sua participação no Agrishow Pra Elas, Beth Kim explicou a importância desta certificação:
“A certificação é muito interessante para a fazenda porque ela nos fornece uma base para a gestão. Todas as práticas implementadas servem para nos ajudar no controle das práticas ambientais, na questão de pessoas, de contratação de equipe, e na parte de governança”, destacou a produtora.
Gestão familiar e visão de longo prazo
A história da Fazenda São Sebastião começou quando o pai de Beth, aos 72 anos, decidiu retornar à produção de café após uma trajetória no comércio em São Paulo. “Meu pai, na década de 70, tinha uma fazenda de café no Paraná, mas acabou não dando certo. Ele trabalhou com negócios em São Paulo, mas sempre quis ter fazenda. Quando tinha 72 anos, comprou essa fazenda em Minas Gerais. Faz 14 anos que ele trabalha lá, e eu comecei a trabalhar com ele há 4 anos”, contou Beth.
Mesmo aos 84 anos, o patriarca mantém uma visão de futuro que inspira a filha na gestão do negócio: “Meu pai é uma pessoa muito visionária. Ele ainda pensa na fazenda daqui 10, 15, 20 anos. Eu embarco muito no sonho dele. Ele sonha, e eu vou lá e corro atrás para fazer acontecer”, relatou com entusiasmo.
Para manter a competitividade no mercado internacional, a Fazenda São Sebastião investe continuamente em tecnologia. “Estamos pensando em sempre crescer a produção de café na fazenda, de maneira sustentável, estruturada e organizada. Vamos implantar irrigação e todas as tecnologias necessárias para ter sucesso nisso”, revelou Beth Kim.
O desenvolvimento tecnológico é especialmente importante para lidar com os desafios climáticos que têm afetado a produção de café no Brasil nos últimos anos. Segundo a Embrapa, propriedades que adotam sistemas de irrigação e monitoramento de precisão têm apresentado produtividade até 30% superior e maior resistência às oscilações climáticas.
Beth Kim também destacou o caráter dinâmico da produção de café, que exige controle rigoroso e planejamento: “A produção de café é muito dinâmica. Ela exige muitos controles, muito time, e é uma produção linda, porque você vê todo o ciclo acontecer ao longo do ano”, descreveu.
A produtora ressaltou ainda a intensidade do período de colheita: “A colheita é um período de muito dinamismo, de muito trabalho. É uma coisa que você não vê nem o tempo passar. Quando você vê, já está colhendo de novo”, comentou, demonstrando sua paixão pela atividade.
Rigor e metodologia para atender mercados internacionais
Assim como a operação de sustentabilidade e as certificações da Fazenda São Sebastião, os produtores de café que desejam iniciar o processo de exportação, devem ter uma atenção especial às certificações, afinal mercados internacionais como Europa, Estados Unidos e Japão, as certificações são obrigatórias e valorizam ainda mais o produto. De acordo com dados da BSCA (Associação Brasileira de Cafés Especiais), cafés certificados podem alcançar valores até 40% superiores no mercado internacional.
Beth Kim detalhou o processo para obtenção e manutenção da certificação: “A Rainforest tem todos os requisitos, então você pega os requisitos e começa a corrigir as coisas na fazenda até ficar redondinha para poder passar na auditoria”, explicou. “A cada ciclo, que é anual, a gente tem um novo aprendizado, então sempre estamos aprimorando e melhorando os processos na fazenda”, complementa.
A produtora destacou que as práticas sustentáveis implementadas na Fazenda São Sebastião vão além das exigências da certificação. “A fazenda é naturalmente abençoada porque já tem uma área de preservação própria, uma reserva natural. Tem uma natureza muito bonita, com uma cachoeira que é de acesso público, apesar de ser dentro da propriedade”, relatou.
Entre as práticas adotadas, Beth mencionou a preservação do solo: “A gente tem sempre o solo coberto, porque ajuda a enriquecer o solo”, uma técnica que, além de preservar a qualidade da terra, contribui para a produção de um café mais saudável e valorizado no mercado externo.
A Organização Internacional do Café (OIC) aponta que consumidores internacionais estão cada vez mais dispostos a pagar valores adicionais cafés produzidos de forma sustentável, um movimento global que reflete a mudança do consumidor frente aos impactos ambientais.
Em 2024, o Brasil exportou mais de 40 milhões de sacas de café, mantendo sua posição como maior exportador mundial, com destaque para o crescimento no segmento de cafés especiais certificados.
O papel social na estratégia de exportação
Além do aspecto ambiental, a responsabilidade social também é um fator determinante para a aceitação do café brasileiro no exterior. Beth Kim destacou o compromisso da fazenda com seus colaboradores:
“A gente tem hoje em dia uma equipe de 64 pessoas. Então a gente cuida muito bem deles, procura dar todo o suporte, estar sempre remunerando bem”, afirmou a gestora, ressaltando que o bem-estar dos trabalhadores é parte fundamental da estratégia de ESG da empresa.
Quer conferir a entrevista completa? Clique aqui e confira o bate-papo entre Andressa Biata e Beth Kim!
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