Por muito tempo, eu ouvi de muita gente, inclusive de mulheres do próprio setor que eu não era uma mulher do agro.

O motivo? Eu não produzia.

Mas eu sempre estive no campo. Sempre com o pé na terra, conversando com produtores, participando de feiras, cobrindo eventos, contando histórias reais de quem vive do que planta.

Mesmo assim, parecia que, pra algumas pessoas, ser “do agro” era um título reservado apenas a quem colhe.

E foi ouvindo isso tantas vezes que percebi o quanto ainda existe uma visão limitada sobre o que significa, de fato, fazer parte do agro.

Lembro que, durante um dos meus treinamentos recentes, uma participante se apresentou e, com certa timidez, disse que trabalhava em um banco, atendendo produtores rurais. Ela contou que sempre admirou as mulheres do agro e que um dia sonhava em se tornar uma.

Na hora, eu sorri e respondi com toda convicção:
Mas você já é uma mulher do agro.

A expressão de surpresa dela foi imediata. E ali, mais uma vez, eu confirmei o quanto essa visão ainda é limitada.

Muita gente acredita que pra ser mulher do agro é preciso nascer em uma fazenda, usar bota, chapéu e dirigir trator. Mas o agro é muito maior do que o campo.

A mulher do agro também é aquela que trabalha na indústria que processa os grãos, que atua na cooperativa orientando produtores, que atua na imprensa especializada, que ensina, treina e comunica sobre o setor… como eu, que encontrei minha missão em dar voz a quem alimenta o mundo.
O agro está nas fábricas, nas universidades, nos escritórios, nas estradas, nos eventos e nas decisões.

Quando a gente limita o agro apenas à produção, a gente reduz o tamanho de uma das maiores potências do Brasil e ignora o protagonismo de milhares de mulheres que movimentam o setor todos os dias, mesmo sem colocar o pé na lavoura.

Ser mulher do agro não é sobre onde você trabalha, é sobre o que você defende.
É entender o valor da terra, respeitar quem produz, e usar o seu talento, seja na comunicação, na gestão, na ciência, nas finanças ou no marketing para fortalecer esse ecossistema.

Essa mulher é técnica, é sensível, é líder e é multiplicadora.
Ela pode não plantar soja, mas planta conhecimento.
Pode não colher café, mas colhe resultados.
Pode não ter trator, mas tem propósito.

E talvez essa seja a maior mudança dos últimos tempos, o agro deixou de ser apenas um setor produtivo e se tornou um movimento de pessoas que acreditam na força de alimentar, conectar e transformar.
E dentro desse movimento, a mulher encontrou o seu lugar.

Hoje, mais do que nunca, eu acredito que Deus escolhe mulheres para estarem no agro não apenas por herança, mas por missão. Missão de comunicar, servir e transformar.
Porque o agro é de quem acredita e a mulher do agro é, acima de tudo, aquela que faz a diferença onde está.