Preços em Chicago superiores a 11 dólares o bushel, dólar a R$ 5,50, comercialização da safra 2021 alta e com preços relativamente baixos, plantio conturbado, bolsões de seca e preocupações com La Nina.
Este é cenário que famílias sojicultoras brasileiras enfrentam. Junto com elas, o estresse aumenta em cadeia e passa pelas empresas compradoras, tradings, esmagadoras, cerealistas ou cooperativas, passado pelas inúmeras fornecedoras e prestadoras de insumos, afinal setor que movimenta a economia brasileira é grande.
Não se pode ser alarmista, mas esta é uma safra que inspira preocupações e que não permite qualquer margem de quebra.
É preciso destacar que os altos preços da safra 2020 não foram para todos e alguns players erraram a mão. A média geral de comercialização ficou na casa dos R$ 80,00 a R$ 90,00. Um valor interessante e lucrativo com certeza, porém quando comparado aos R$ 160/170,00 pode ter representado prejuízo a algumas empresas à medida que algumas delas rolaram ou renegociaram posições nestes preços para a safra 2021. Ou então produtores que negociaram sua soja e não travaram custos para a próxima safra.
Aqui fica um alerta! Muito cuidado ao fazer negócios para a próxima safra, especialmente em um momento de disseminação de Recuperação Judicial, muito cuidado com a escolha de parceiros de negócios.
Vale pontuar a preocupação por custos de safra mais altos à medida que insumos estão mais caros e o uso de tecnologia empregado também aumentou. Na conta extra gastos com replantio.
Em paralelo, a média de preços comercializados para 2021 estão abaixo dos preços atualmente praticados no momento atual de mercado. Produtores não vendem porque já venderam um percentual importante à medida que o dólar subia e hoje preferem esperar uma definição climática para decidir maiores vendas. Logo, esta é a razão pela apatia de ofertas no mercado brasileiro.
Neste momento de novembro, os trabalhos de plantio que totalizam 70 % de uma área prevista em 38.2 milhões de hectares, voltam a se equilibrar aos da média normal. Mesmo assim as chuvas estão irregulares em muitas regiões brasileiras e pelo brasil afora muitas áreas estão replantando.
Temos um cenário de preços altos em Chicago, dólar igualmente alto dando competitividade ao grão brasileiro, porém China ainda muito voltada ao grão norte americano e um momento pós eleição com China antecipando que pretende revisar termos do acordo fase 1 com o governo democrata.
Cenários de múltiplas possibilidades para os preços em Chicago. Clima na América do Sul será determinante para direcionamento dos preços na bolsa de Chicago.
No radar: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Todos muito relevantes para ajudar a suprir a demanda mundial aquecida. Brasil precisa não apenas contar com uma boa safra para garantir as entregas dos contratos já realizados e possibilitar mais negociações, mas também precisa contar com a oferta dos países vizinhos para suprir eventual necessidade de importação da oleaginosa para equilibrar o mercado brasileiro.
Será sem dúvida uma safra de grandes desafios ao agro brasileiro. Que as chuvas normalizem e que na minha coluna em dezembro possamos abordar um viés positivo, completamente diferente ao abordado neste mês. Uma ótima temporada às todas as famílias brasileiras. Andrea Cordeiro
*No segundo levantamento de safra da CONAB divulgado em novembro, estima que na temporada 2020/2021 o Brasil semeará 38,2 milhões de hectares e produzir uma safra de aproximadamente 135 milhões de toneladas.
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