Em plena pandemia, o agronegócio brasileiro avança, conquistando novos mercados e batendo recordes de exportação. Este foi o único segmento da economia que teve resultado positivo no PIB do primeiro trimestre - 1,9% em comparação com os três meses anteriores[1]. Os números animam manchetes e evidenciam uma realidade bastante particular: o agro, como nenhum outro setor, consegue aproveitar vantagens potencializadas pela alta do dólar decorrente das crises sanitária, econômica e política.
A resiliência do agronegócio não é exatamente uma novidade, afinal, comida é essencial, em tempos de recessão ou não. Porém o contexto da Covid-19 modificou a demanda, oferta e logística.
De acordo com o Ministério da Agricultura, desde o começo de março, novos mercados abriram as portas para produtos agropecuários brasileiros. Os negócios abrangem suínos, aves, carnes e lácteos em onze países, entre eles, Argentina, Estados Unidos e Emirados Árabes[2]. Ainda no quesito exportação, a valorização do dólar frente ao real acaba compensando parte da queda dos preços de algumas commodities agrícolas, favorecendo as exportações no curto prazo.
Se por um lado o agronegócio está ganhando ainda mais relevância na economia brasileira - mesmo em um contexto mundial hostil -, empresários do meio têm uma oportunidade interessante de planejar os próximos passos com segurança. Por outro lado, o nível de instabilidade pode facilmente maquiar projeções otimistas e transformar o desempenho satisfatório em dor de cabeça à medida que 2021 se aproxima.
A retração da economia em escala global esperada para o próximo ano pode impactar essencialmente o preço de commodities. A diminuição na renda da população também tem potencial para afetar produtos de maior valor agregado, que podem ser substituídos por opções mais baratas. E, a partir desse raciocínio, pode-se chegar à conclusão de que, apesar do câmbio extremamente valorizado estar garantindo margens aos produtores de todo o país de forma irrestrita, o agronegócio deve adotar a proteção cambial para se prevenir contra possíveis perdas. Em outras palavras, é um bom momento para a busca de proteção cambial diante da volatilidade do mercado.
Trabalhar na política de risco cambial poupa companhias da apreciação do dólar oscilante. Para isso, é necessário revisitar as práticas e incluir instrumentos financeiros disponíveis no mercado - e há uma série deles.
Negócios de qualquer porte podem buscar alguma alternativa de proteção cambial de acordo com as suas necessidades, com custos de transação acessíveis. É válido salientar que as opções variam de acordo com o valor, a moeda e o prazo da operação. Na prática, o agente financeiro irá operacionalizar um hedge cambial (conjunto de ferramentas utilizadas para a proteção cambial) para fixar o câmbio em determinado valor da moeda estrangeira.
Planejar estrategicamente não só a entrada, mas a permanência em novos mercados é, inclusive, uma chance para o agronegócio aumentar seu faturamento na crise. As instituições financeiras costumam oferecer soluções bastante amigáveis para atender às necessidades de moeda estrangeira de empresas brasileiras. Serviços desse tipo podem ser contratados a qualquer tempo - seja no fechamento do negócio, na fase de produção ou outro momento. Porém, deve-se levar em consideração que o objetivo do acordo é preservar a margem de lucro da operação: o prazo deve ser ajustado ao mesmo vencimento do compromisso.
Um bom exemplo de produto bancário com finalidade de proteção é o Câmbio Futuro de Importação. Pensada para empresas importadoras, essa modalidade visa preservar as operações de câmbio da empresa, travando a taxa cambial no momento exato da contratação e garantindo o valor total da operação e possíveis oscilações do mercado, com liquidação acima de dois dias úteis. A empresa não precisa obrigatoriamente desembolsar o valor total em reais no fechamento da operação.
Já para você, exportador, existe a Trava de Exportação que, assim como o Câmbio Futuro de Importação, permite que sua empresa garanta a taxa de câmbio no mesmo dia, evitando a variação cambial e gerando uma maior previsibilidade de caixa. O benefício é certo: a previsibilidade, que permite um melhor planejamento de operações financeiras, já que a sua empresa saberá o quanto pagará ou receberá na data escolhida para quitar a operação.
A proteção cambial é uma ferramenta que dá robustez à estratégia. Empresas que realizam travas de proteção cambial para seus volumes de importação e exportação com antecedência ganham vantagens competitivas consideráveis em relação aos competidores porque têm custos relativamente estabilizados. Um sossego bem-vindo em tempos de economia turbulenta.
Além das operações de proteção cambial, é importante mencionar que você também pode optar pelo Câmbio Pronto que, em resumo, é uma ação de compra ou venda de moeda estrangeira à vista para pagamento de obrigações ou recebimentos do exterior, sem risco de crédito. Isso ocorre por meio da contratação de câmbio para liquidação em até dois dias úteis. Adotar o câmbio pronto possibilita que taxas de conversão competitivas sejam praticadas. E, como dito anteriormente, a empresa pode contratar a operação no momento mais conveniente.
[1] Fonte: UOL [Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/06/14/agronegocio-bate-recordes-e-aumenta-seu-peso-na-economia-em-meio-a-pandemia.htm]
[2] Fonte: Sopesp [Disponível em: https://www.sopesp.com.br/2020/06/02/na-crise-agronegocio-conquista-novos-mercados-e-bate-recordes-de-exportacao
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