A afirmação que intitula este artigo foi dita durante o webinar “O presente e o futuro da Agricultura digital” pelo sócio fundador e diretor de relações institucionais da Solinftec, Anselmo Arce: “adaptação é característica do humano. Tem que lidar com produto que não controla preço, mudança de clima... É cada vez mais complexo para o produtor ver qual decisão tomar com tantas informações”.
Ainda na opinião de Arce, não basta captar informação e passar ao produtor porque ele não vai ter tempo hábil para ler. É preciso dar insight claro, mas o produtor não quer dado ele quer orientação clara do que fazer a cada momento. E se possível que o sistema decida e execute por ele. Tudo isso graças a inteligência artificial.
A aceitação desse tipo de serviço é ainda mais complexa no Brasil, pois o produtor não incorpora produtos se não perceber claramente a relação custo-benefício e para completar esse cenário, “o produtor brasileiro é refinado, se ele aceita seu produto, o resto do mundo vai aceitar também”, afirma Arce.
Para o gerente sênior de Big Data e IoT Vivo, Diego Silva de Aguiar, no entanto alcançar essa aceitação do produtor brasileiro pode ser um pouco mais difícil do que o esperado, pois devido às nossas dimensões continentais conectar interior é custoso e leva tempo, sendo necessário se associar com empresas que vão ao produtor e direcionam a conectividade. Difícil mas não impossível, concordando com o sócio fundador e diretor de relações institucionais da Solinftec: “Tem um ponto inicial que é a adoção digitalização passa por mudança de mindset”, indica Aguiar.
Conectividade
O gerente sênior de Big Data e IoT Vivo lembra que a conectividade para possibilitar soluções ao agro é o primeiro passo, mas que depende de um segundo que é a criação de sistema: “insumo ligado em outro sistema, por exemplo. Iot não é ação pontual, é estratégia horizontal. Queremos levar conectividade cada vez mais forte no campo”.
Ainda segundo Aguiar, fala-se muito do 5G, mas essa tecnologia é evolução natural das redes que temos hoje. A diferença básica é capacitação de transmissão mais efetiva de dados. De acordo com o gerente sênior, o que temos hoje disponível em ferramentas roda bem no 4g.
“A cooperativa é porta de entrada p tecnologias e conhecimento p pequeno e médio. Isso é crucial”, afirma. Opinião semelhante à do vice-presidente da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP), Márcio Albuquerque: “cooperativas tem papel importante nesse cenário”.
LGPD no agro
Uma das maiores ferramentas na conectividade é o dado; que de acordo com Aguiar permitem mapear em tempo real a propriedade e identificar ineficiências rotineiras. Porém o gerente sênior de Big Data e IoT Vivo explica que dados por dado não permitem tomar decisão, mas quando analisados sim. Opinião compartilhada por Albuquerque ao lembrar que um dado isolado ou camada de dados só não ajuda muito. “as respostas vêm de múltiplos dados diferentes. Nenhum mapa sozinho seja de fosfato ou argila, responde sozinho. Tem que “empilhar” eles p entender o que acontece numa área”.
Dentre os principais desafios de dados para o vice-presidente da AsBraAP, estão a organização das informações – “temos uma grande dificuldade em padronizar dados. Mesmo com diferentes iniciativas no mundo p criar padrões, isso ainda é insipiente” - e a proteção das informações do produtor.
“Quando se fala em sigilo é importante transmitir ao produtor que se por um lado os dados dele tem muito valor e ajudam na tomada de decisão, mas numa plataforma sozinho, pode não ter tanto valor assim. Se voltarmos alguma décadas tinha lista telefônica, o número tinha valor para um grupo, mas quando compila uma cidade tinha um valor diferente do que o dado individual. Você não ganhava para ter número na lista, a gente pagava p ter destaque”.
Albuquerque esclarece ainda que quanto aos dados da agricultura, é necessário termos sim os dados e a privacidade, mas o produtor deve entender que algumas decisões só são possíveis se os dados dele forem comparados com dados de outros produtor em outra região. Mas claro são necessários cuidados com conflito de interesse em quem gerencia dados.
Surgirão organizações proprietárias dos dados e que os cedem para agricultura de metro quadrado. O que acontece, porém é “quem gerencia esse dado, na verdade todos vão ter que especializar em gerenciar, não vejo uma empresa fazendo isso, mas fábricas de insumos, produtor, empresa de máquina..., pois dados permeiam toda a cadeia”.
Arce por sua vez tranquiliza o produtor dizendo que é possível tirar sim a informação ou dado e manter a privacidade. “Produtor pode ficar tranquilo porque dado é sigiloso”
Sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ela traz segurança jurídica com normas claras com o que se pode fazer com dados. Da maneira que a lei entra em vigor os participantes do webinar acreditam que seja positiva, pois protege produtor, mas possibilita empresas de tecnologia explorarem serviços e possibilidades.
Albuquerque lembra que existem diversas leis no Brasil para protegerem a privacidade do produtor, mas como evitar que as leis de fora não permitem que sejam usados dados de produtores brasileiros, “para antecipação de volumes de safra, por exemplo? Quem usa imagem de satélite, mas não está no Brasil, não responde para nossa leis. O que é feito no espaço não está sob nossa custódia”.
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