A história da Jacto, uma das principais fabricantes de máquinas agrícolas do Brasil, está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento da agricultura brasileira e ao crescimento da Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina.

Ao longo de três décadas, essa parceria tem impulsionado inovações, promovido o progresso no campo e contribuído para o avanço do agronegócio brasileiro.

Em mais uma entrevista da nossa série especial para a 30ª edição, conversamos com Fábio Torres, Gerente de Vendas de Agricultura de Precisão e Digital da Jacto! Com 33 anos de experiência na Jacto, Fábio já atuou por 14 anos na área de marketing, sendo responsável pelo segmento de eventos, no qual teve a oportunidade de participar das reuniões que criaram a Agrishow e dos eventos modelos que foram utilizados como teste antes da Agrishow ter sua primeira edição oficial, em Ribeirão Preto, no ano de 1994. Fábio também já foi Gerente de Produtos de Adubação, Agricultura de Precisão, de Produtos Automotrizes, Gerente vendas para mercado de cana-de-açúcar, e, por fim, chegou ao seu cargo atual.

Com toda essa experiência, o gerente de vendas teve muitas histórias para compartilhar nesse bate-papo! Confira a seguir a entrevista completa!

Das origens até a Agrishow: uma jornada de pioneirismo

A Jacto nasceu do espírito empreendedor e da visão inovadora de Shunji Nishimura, um imigrante japonês que chegou ao Brasil em 1932, aos 21 anos, em busca de novas oportunidades. A trajetória de Nishimura é uma história de determinação que resultou na fundação da Jacto em 1948.

Após anos de trabalho árduo em diversas áreas, desde a colheita de café até serviços domésticos, Nishimura estabeleceu-se em Pompeia, interior de São Paulo, onde abriu uma oficina com o lema “Conserta-se Tudo”. Foi neste pequeno estabelecimento que ele criou a primeira polvilhadeira brasileira, marcando o início da Jacto e sua jornada de inovação no setor agrícola. Quando a primeira edição da Agrishow foi realizada em 1994, em Ribeirão Preto, a Jacto já era uma empresa consolidada e reconhecida no mercado.

Fábio Torres, Gerente de Vendas, relembra como tudo começou: “Agrishow nasceu de outros eventos”, comenta. Ele explica que o evento modelo que aconteceu em Sertanópolis tinha a estrutura de evento focado em máquinas em ação, mostrando todo potencial das marcas expositoras.

Torres destaca que a concepção da Agrishow foi resultado de um esforço conjunto de várias empresas e associações do setor. “Em 1992, através da ABIMAQ, decidimos buscar fazer algo semelhante. Em 93, a ABIMAQ fez um evento precursor da Agrishow em Uberaba, mas não deu certo. Não foi ninguém.”

Apesar desse revés inicial, os organizadores não desistiram. Torres conta: “A gente viu que não tinha dado certo em Uberaba, mas que era um formato legal de eventos. Então fizemos algumas reuniões. Eu me lembro das reuniões que eram no Instituto Agronômico para desenhar o evento”.

A escolha de Ribeirão Preto como sede da Agrishow não foi por acaso. “Decidimos que Ribeirão Preto era um lugar centralizado, com muita área agrícola em volta, com uma cidade que poderia abrigar um evento de uma estrutura maior”, explica o gerente de vendas da Jacto.

Equipe Jacto na Agrishow 1994 – Foto: Reprodução/Acervo Pessoal Fábio Torres

Até mesmo a data do evento foi cuidadosamente planejada. “A semana foi escolhida porque era a semana com menor chuva no ano em 50 anos de medição do Instituto Agronômico,” recorda Torres. Esta atenção aos detalhes demonstra o comprometimento dos organizadores em criar um evento que pudesse realmente atender às necessidades do setor agrícola.

A primeira Agrishow, realizada em 1994, contou com a participação de empresas pioneiras como a Jacto. Torres recorda: “Fizemos a primeira Agrishow, em Ribeirão, e aí veio um público bacana. Daí para frente só cresceu”, comemora.

Evolução e Inovação: crescendo junto com a Agrishow

Ao longo das últimas três décadas, a Jacto e a Agrishow cresceram lado a lado, refletindo e impulsionando o desenvolvimento da agricultura brasileira. “É interessante! A gente vê, quando foi o primeiro ano, qual era o tamanho do evento, qual era o tamanho dos estandes, qual era o tamanho da agricultura brasileira. E a gente vê hoje, qual é o tamanho do evento, qual é o tamanho dos estandes e o tamanho da agricultura brasileira”, reflete o gerente de vendas da Jacto.

Vista aérea da 2ª edição da Feira Agrishow, em 1995 – Foto: Reprodução/Acervo Pessoal Fábio Torres

A Agrishow rapidamente se estabeleceu como o principal palco para os lançamentos da Jacto e de outras empresas do setor. Torres enfatiza: “Todas as empresas guardam seus lançamentos para Agrishow. O principal lançamento do ano, sempre mostramos na Agrishow.”

Esta estratégia de reservar as principais inovações para a feira não apenas aumentou o prestígio do evento, mas também criou uma expectativa anual no setor agrícola, transformando a Agrishow em um verdadeiro termômetro das tendências e avanços tecnológicos na agricultura.

Impacto Global: do Brasil para o Mundo

O crescimento da Agrishow e das empresas participantes, como a Jacto, não se limitou ao cenário nacional. Com o passar dos anos, o evento ganhou projeção internacional, atraindo visitantes e expositores de diversos países.

Torres observa uma mudança significativa nesse aspecto: “Antigamente a gente ia muito na Farm Progress Show, nos Estados Unidos, para ver o que chegaria no Brasil 2 ou 3 anos depois. Em algum momento, a gente passou a ir para essas feiras para ver o que chegaria no ano seguinte, porque o Brasil cresceu muito em tecnologia. Hoje, pessoal do exterior vem na Agrishow para ver o que é novidade em tecnologia no mundo.”

Esta inversão de papéis, onde a Agrishow se tornou uma vitrine global para inovações agrícolas, demonstra não apenas o sucesso do evento, mas também o avanço tecnológico da agricultura brasileira e de empresas como a Jacto.

“Se você reparar, hoje, no primeiro dia da Agrishow, é lotada de estrangeiros rodando os estandes para ver o que tem de novo em tecnologia para agricultura. Então inverteu, a Agrishow inverteu o calendário de lançamentos no mundo”, acrescenta Torres.

Compromisso com Todos os Produtores: da Pequena Propriedade à Agricultura Empresarial

Um dos aspectos de destaque da Jacto no cenário da Agrishow é seu compromisso em atender produtores de todos os portes. “A Jacto trabalha do grande ao pequeno produtor. Então nós temos máquinas desde pulverizador costal com telemetria, que é um pulverizador costal com a tecnologia de uma máquina grande, até equipamentos para agricultura empresarial”, explica Torres.

Esta abordagem também reflete a organização do estande da Jacto na Agrishow, focada em ajudar na maior produtividade de todos os tipos de produtor.

“Temos uma área para pequeno produtor, temos uma área pro produtor de porte médio, temos uma área para agricultura empresarial,” detalha.

Estande da Jacto na 1ª edição da Feira Agrishow – Foto: Reprodução/Acervo Pessoal Fábio Torrer

Esta estratégia não apenas demonstra a versatilidade da Jacto, mas também reforça o papel da Agrishow como um evento que atende às necessidades de todo setor agrícola brasileiro.

Momentos Memoráveis: reconhecimento e legado

Ao longo de 30 edições de participação na Agrishow, a Jacto acumulou diversos momentos memoráveis. Um deles, destacado por Torres, foi quando o fundador da empresa, Shunji Nishimura, recebeu um reconhecimento especial.

“Um momento interessante foi quando Agrishow resolveu dar um prêmio para a maior personalidade do agronegócio. O primeiro prêmio foi para o nosso fundador, o seu Nishimura,” relembra Torres com orgulho.

Torres também compartilha uma lembrança tocante sobre Nishimura: “Eu lembro muito do senhor Nishimura. Ele chegava na Agrishow, já de idade – ele faleceu com 99 anos. Acho que até os 97 ele foi na Agrishow. Eu buscava ele de carro elétrico no estacionamento, rodava a feira inteira. Ele queria ver tudo que era lançamento antes de ir pro estande da Jacto.”

Essas memórias não apenas ilustram o comprometimento pessoal do fundador da Jacto com a inovação e o progresso, mas também ressaltam o papel da Agrishow como um ponto de encontro e celebração para as figuras mais importantes do agronegócio brasileiro.

A Dinâmica da Feira: desafios e evoluções

A Agrishow, ao longo de suas três décadas, passou por diversas transformações. Uma das mais significativas foi a mudança no formato das demonstrações de máquinas, um aspecto que Torres relembra com nostalgia.

Nos primeiros anos da feira, as demonstrações de máquinas eram um dos momentos mais esperados pelos produtores rurais que visitavam o evento. “A ideia era que o produtor passasse nos estandes e fosse para campo escolher a máquina que ele queria comprar. Então tinha horário que era plantadeira, tinha horário que era colhedora, tinha horário que era pulverizadores”, descreve Torres.

Demonstração das Máquinas Agrícolas em Ação na 1ª Agrishow – Foto: Reprodução/Acervo Pessoal Fábio Torres

Essas demonstrações, embora desafiadoras de organizar, criavam um ambiente único de competição e camaradagem entre as empresas. “Eu diria que era divertido, porque, por exemplo, nas primeiras cada um narrava a sua máquina. Então uma empresa ia e falava, ‘olha, a nossa máquina é assim, assim, assim’, e depois um concorrente falava, ‘olha, essa é a melhor do mundo’”, relembra com humor.

Essas “competições” amigáveis levaram a melhorias contínuas na organização do evento. “A gente combinou, por exemplo, que os textos tinham que ser mandados por escrito, eram revisados e um narrador oficial da organização falava o texto”, explica Torres.

O Impacto da Agrishow no Calendário Agrícola

A Agrishow não apenas se tornou um evento crucial para o lançamento de novos produtos, mas também teve um impacto significativo no calendário de negócios do setor agrícola.

“As vendas de máquina agrícola ocorrem naturalmente no segundo semestre, quando começa a safra. Então você pega qualquer fábrica de máquina agrícola no primeiro semestre, ela produz muito pouco”, explica Torres.

A Agrishow, realizada no primeiro semestre, veio preencher essa lacuna. “A gente queria preencher o primeiro semestre, preencher a fábrica no primeiro semestre. E o Agrishow conseguiu fazer isso,” afirma Torres. “A gente antes teria uma carteira de pedido boa apenas em setembro. A partir de abril, você consegue encher a fábrica”, comemora.

Este impacto no ciclo de negócios foi tão significativo que, segundo Torres, “em muitos momentos, Agrishow representava 15-20% das vendas do ano. Você fazia em 5 dias um volume realmente muito grande de vendas.”

Olhando para o Futuro: um convite para todos que visitam a Agrishow

Enquanto a Agrishow celebra sua 30ª edição, a Jacto continua comprometida com a inovação e o desenvolvimento do setor agrícola. Torres enfatiza a importância contínua do evento: “É um ponto de encontro fundamental na agricultura brasileira. Então eu acho que qualquer um que está envolvido com agricultura no Brasil não pode deixar de ir à Agrishow.”

Para a Jacto, a Agrishow continua sendo uma plataforma crucial para apresentar suas inovações. Embora Torres ainda não possa revelar os lançamentos para a 30ª edição, ele garante que a empresa continuará sua tradição de trazer novidades significativas para o evento.

Uma Parceria que Moldou a Agricultura Brasileira

A história da Jacto na Agrishow é mais do que apenas a narrativa de uma empresa em uma feira. É representação do poder da inovação, da colaboração e do compromisso contínuo com o progresso agrícola. Ao longo de 30 anos, esta parceria tem sido fundamental para moldar o cenário da agricultura brasileira, impulsionando avanços tecnológicos e promovendo o crescimento do setor.

A Jacto e a Agrishow cresceram juntas, refletindo e contribuindo para a evolução da agricultura brasileira. “Agrishow está crescendo junto com a agricultura brasileira, a agricultura brasileira crescendo junto com Agrishow”, finaliza Torres.

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