A agricultura do futuro já começou. E ela é tecnológica, sustentável e multifuncional. Essa foi a principal mensagem da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, durante sua participação no Agrishow Labs, na tarde da última segunda-feira (28), na 30ª edição da Feira Agrishow.
Em sua apresentação, a presidente da Embrapa compartilhou dados e exemplos práticos de como a ciência está construindo uma nova era no campo.
Nós, do Agrishow Digital, acompanhamos tudo de perto e separamos os principais destaques da palestra, confira a seguir!
A revolução tecnológica do agro brasileiro
Com mais de 50 anos de história, a Embrapa é protagonista da transformação agrícola brasileira. Desde a adaptação de tecnologias para o clima tropical até o desenvolvimento de sistemas integrados como lavoura-pecuária-floresta, o Brasil ampliou sua produtividade em mais de 580%, sem a necessidade de expandir proporcionalmente sua área plantada.
“Graças à tecnologia que poupa terra. Na mesma área, conseguimos produzir mais, seja com cultivares mais adaptadas ou com práticas de manejo mais eficientes”, afirma.
Esse avanço é fruto de um modelo baseado em três pilares: ciência e tecnologia, assistência técnica e políticas públicas. Hoje, o país é uma das maiores potências agrícolas do mundo e enfrenta o desafio de continuar crescendo de forma sustentável e resiliente.
“O segredo do Brasil foi, além da ciência e tecnologia, a estratégia integrada com políticas públicas”, explica a presidente da Embrapa.
Agricultura multifuncional: além da produção de alimentos
O campo não é mais apenas um espaço de produção de grãos. A agricultura moderna atua também na geração de energia, na prestação de serviços ambientais, no turismo rural e até na produção de biocombustíveis para aviação.
Trata-se de uma agricultura multifuncional, que precisa atender às exigências de um novo consumidor preocupado com saúde, nutrição e origem dos alimentos.
“O novo consumidor está mais preocupado com nutrição, saúde, rastreabilidade e sustentabilidade. E o agro precisa responder a isso”, complementa.
Nesse contexto, cresce a importância de práticas regenerativas, da economia circular e da integração entre tecnologia e meio ambiente.
Inteligência artificial na agricultura: inovação que transforma
Uma das apostas mais promissoras da Embrapa para o futuro do agro é a aplicação da inteligência artificial (IA). Silvia destacou três frentes principais:
- IA no campo: automação de processos dentro da porteira, com robótica, sensores e dados em tempo real.
- IA para assistência técnica: democratização do conhecimento técnico por meio de plataformas digitais e chatbots que atendem produtores via WhatsApp.
- IA para políticas públicas: uso de dados para subsidiar decisões de governo e fomentar programas como o Plano ABC+ (Agricultura de Baixo Carbono).
“Com a IA, o agro pode sair do analógico para o digital. E ela é uma ferramenta de inclusão socioeconômica, principalmente para os pequenos e médios produtores”, afirma.
A Embrapa também está investindo em agro inteligência, com centros de dados voltados para prever riscos, avaliar impactos ambientais e apoiar o crédito verde.
Agricultura sustentável: o caminho para alimentar o mundo
Segundo a FAO, será necessário aumentar em até 50% a produção mundial de alimentos até 2050. O Brasil deve responder por boa parte dessa expansão, tudo isso sem derrubar novas florestas. A aposta está na recuperação de pastagens degradadas: são 40 milhões de hectares com alto potencial produtivo.
Com técnicas já testadas, como o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a Embrapa provou que é possível acumular mais carbono no solo e gerar renda ao mesmo tempo.
“Em 12 anos, ele acumulou 30 quilos de carbono por hectare ao ano. É 30% a mais do que uma restauração florestal sozinha”, afirma. Ela complementa ainda explicando que a agricultura tem potencial para ser parte da solução para as mudanças climáticas.
Convergência de tecnologias: da biotecnologia à computação quântica
O futuro do agro passa pela convergência de quatro grandes áreas: água, genes, bits e neurônios. Em termos práticos, isso significa combinar:
- Biotecnologia: uso de edição gênica para criar cultivares mais produtivas e resistentes à seca;
- Bioinsumos: desenvolvimento de fertilizantes e defensivos biológicos a partir de bactérias e fungos nativos;
- Agricultura espacial: envio de sementes ao espaço para estudo de resistência em ambientes extremos;
- Computação quântica: modelagens avançadas para agricultura preditiva, mapeamento climático e genético.
Inclusão digital no campo: o papel das startups
Apesar dos avanços, 77% dos produtores brasileiros ainda são da agricultura familiar, e muitos enfrentam desafios de acesso à conectividade e à assistência técnica. Para mudar esse cenário, a Embrapa aposta na criação de ecossistemas autossustentáveis com startups, cooperativas, associações de produtores e empresas de tecnologia.
Projetos como o “SMS Diga” e o “+ Digital” já estão em campo, levando conhecimento técnico de forma acessível a pequenos e médios agricultores. E parcerias com startups, como a AgroRobótica, têm resultado em soluções inovadoras, como sensores que analisam o solo em dois minutos.
O agro do futuro é agora
Para Sílvia Massruhá, o futuro da agricultura depende da ciência, inovação e cooperação entre instituições públicas e privadas. “O segredo do Brasil foi ter estruturado um ecossistema de inovação agrícola”, afirmou. Agora, a missão é tornar esse sistema mais ágil, digital e inclusivo.
“A Embrapa entende que, hoje, startups, universidades e empresas privadas precisam trabalhar juntas em projetos estruturantes. É isso que vai dar escala e agilidade ao agro brasileiro”, finaliza Silvia.
Com pesquisa de ponta, políticas públicas inteligentes e tecnologia acessível, o Brasil pode não apenas alimentar o mundo, mas liderar uma nova era da agricultura: mais sustentável, resiliente e inteligente.
A Agrishow também faz parte do futuro do agro! Esse e outros conteúdos para o Agro du Futuro, você encontra aqui, no Agrishow Digital! Confira a cobertura completa da Agrishow 2025!