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O olho do dono não engorda mais o boi, mas evita doenças

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O comportamento dos bovinos pode indicar doenças, e, o diagnóstico precoce favorece as chances de cura. Saiba mais no novo artigo de Lilian Dias para o Agrishow Digital.

A frase “O olho do dono é que engorda o boi” nascida no campo ganhou destaque no mercado corporativo por muitos anos, mas, depois de um tempo, caiu por terra sendo substituída pela ideia de que o proprietário de uma empresa não pode acompanhar todos os processos muito de perto, pois, além de se tornar escravo do próprio negócio, uma organização de sucesso tem que funcionar sozinha, como uma perfeita engrenagem e, principalmente, na ausência do dono, que deve se colocar num patamar mais estratégico, a fim de que o empreendimento cresça cada vez mais. Embora essa linha de raciocínio faça total sentido, este é um tema relevante que penso tratar num futuro artigo.

Hoje, eu quero falar sobre como o olho do dono pode evitar doenças em bovinos. Recentemente, tive a felicidade de participar do evento de lançamento do primeiro anti-inflamatório não esteroidal (AINE) registrado para ser administrado como produto pour-on em bovinos, que foi desenvolvido pela MSD Saúde Animal, para o controle da inflamação e alívio da dor e febre. Para quem não sabe, um produto pour-on é aplicado pela via utópica em toda linha dorsal dos bovinos, dispensando o uso de agulhas – algo inédito quando o assunto é anti-inflamatório para bovinos – e contribuindo para o bem-estar animal, umas das principais bandeiras de uma pecuária cada vez mais evoluída e que se preocupa, de fato, com o rebanho.

Mas talvez você esteja pensando: “O que isso tem a ver com o olho do dono evitar doenças?”. Explico: o lançamento citado contou com a presença do médico veterinário e mestre em produção animal, Marcelo Cecim, que deu uma aula sobre comportamento bovino em relação à dor. De acordo com ele, todo animal que é uma presa tem uma habilidade nata de esconder a dor, porque demonstrar que não está bem o deixa vulnerável aos predadores. Por essa razão, é ainda mais difícil detectar que um bovino esteja com dor e, como consequência, o processo inflamatório pode se alastrar, prejudicando o bem-estar animal, bem como a produtividade que impacta diretamente no bolso do produtor rural.

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Desta forma, é importantíssimo que o pessoal que maneja bovinos esteja de olho nos animais, a fim de perceber um problema de saúde e saná-lo o quanto antes. Partindo desta premissa, há de se observar o comportamento do animal no tocante ao modo de caminhar, de olhar e até mesmo de se alimentar; porém, mesmo notando que o animal está diferente, é muito comum o pecuarista não fazer a ligação da mudança comportamental com o processo de dor. Vale destacar que, atualmente, a inteligência artificial permite a criação de uma série de sistemas de monitoramento comportamental que conseguem reconhecer de uma maneira muito precoce que o comportamento de um animal está alterado. Trata-se da ferramenta mais sensível que existe para reconhecer que um animal não está bem muito antes dele ficar doente.

Um exemplo é a Tristeza Parasitária Bovina (TPB), que faz com que o animal mude a maneira de agir quatro ou seis dias antes da doença clínica ser instalada e que leva a um quadro de desconforto, depressão, fazendo o animal comer menos e produzir menos. No entanto, a observação em relação ao comportamento desses animais não deve ser feita só para decifrar que tipo de doença ele possa ter, mas, principalmente, para evitar novas enfermidades num efeito dominó.

O médico veterinário Marcelo Cecim explica que a vaca com mastite deita por muito menos tempo, justamente por causa do peso da perna em cima do úbere dolorido. Ao ficar em pé, a vaca ruminará menos e correrá o risco de desenvolver uma cirrose e ainda forçar o sistema locomotor provocando problema de casco também. Em contrapartida, a vaca que tem problema de casco, ao contrário de quando está com mastite, prefere ficar mais tempo deitada, com o objetivo de evitar a dor de apoio. Pelo fato de passar mais tempo deitada, o animal tende a fazer menos refeições. Sabe-se que uma vaca de leite saudável faz de nove a 12 refeições, mas as que têm problema de casco farão de 2 a 4 refeições. Isso significa que nas poucas vezes que comerem vão exagerar na alimentação, ocasionando uma carga alta de carboidrato que fermentará rapidamente no rúmen, levando a uma acidose ruminal (acúmulo de ácido no rúmen), que, por sua vez, também vai piorar o problema de casco.

Em resumo, não ignore a mudança de comportamento dos bovinos. Na dúvida, tome uma atitude. Ficando de olho no animal e, agindo rápido, você obtém um diagnóstico precoce, que favorece ainda mais a chance de cura, além de evitar que uma doença provoque muitas outras doenças. A prevenção está no seu olhar e, acima de tudo, na sua ação imediata como um produtor rural que se preocupa com o bem-estar animal e seu consequente impacto nos negócios da fazenda.

Lilian Dias é comunicadora Agro, possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas, práticas de liderança e marketing. É autora do e-book "Os Pilares do Agronegócio". Site: www.novoagro.com.br - Instagram: @novoagrotv – Youtube: https://www.youtube.com/novoagrotv – E-mail: novoagro@ novoagro.com.br.

 

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