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Com que frequência devo analisar o solo e as melhoras formas de fazer?

Article-Com que frequência devo analisar o solo e as melhoras formas de fazer?

Com que frequência devo analisar o solo e as melhoras formas de fazer?

 

José Ronaldo de Macedo – Pesquisador da Embrapa Solos

 

Adoildo da Silva Melo – Técnico da Embrapa Solos

 

A frequência da amostragem deve fazer parte de uma programação adequada de coleta e análise da fertilidade do solo para permitir avaliar a eficiência da calagem e adubação e, também, do efeito residual, pois é esperado, que com o passar do tempo de cultivo, haja a melhoria dos níveis de nutrientes no solo e com isso, ajustar os níveis de adubação para cada novo ciclo de plantio.

É oportuno ressaltar que não se deve restringir-se somente à avaliação da fertilidade do solo.  Para o correto diagnóstico do problema é importante que sejam verificados todos os fatores que interferem na produtividade das culturas, como o manejo da lavoura, no uso de sementes de alto potencial produtivo, na disponibilidade de água às culturas e, também, na época e forma de aplicação dos adubos e corretivos do solo (calcário).

Diversos autores têm relatado interações entre os níveis de fertilidade do solo, a nutrição da planta e sua influência no aumento ou redução da resistência das plantas a uma determinada doença ou praga. As relações entre hospedeiro-patógeno, suas inter-relações como os fatores ambientais e do balanço entre os teores de nutrientes é que vão aumentar ou reduzir a suscetibilidade da planta a determinada doença ou praga (Freire et al., 2013). Ainda de acordo com esses autores, nem sempre a ocorrência de pragas ou na década de 1970 doenças indica subnutrição da planta, pois alguns patógenos preferem plantas vigorosas decorrentes, por exemplo, do excesso da adubação nitrogenada. Por outro lado, teores adequados de cálcio e potássio e suas relações Ca/K ou Ca/Mg ou Mg/K podem promover resistências na planta, reduzindo assim a incidência de certas doenças.

Os agricultores por sua vez, visando manter os elevados níveis de produtividade das culturas de grãos, implementam rigorosos programas de nutrição durante o período vegetativo da lavoura, para não haver comprometimento em sua produção final e rendimento do cultivo. Porém essas recomendações técnicas de adubações pré-programadas podem ocasionar desequilíbrio nutricional na planta, devido à deficiência ou excesso de nutrientes, afetando a produtividade da cultura e aumentando a suscetibilidade a pragas e doenças.

O silício e o cobalto, apesar de ainda não serem considerados essenciais, têm sido recomendados no planejamento da adubação do milho e da soja interagindo na tolerância das plantas ao ataque de pragas e doenças e fixação biológica, respectivamente. O fato é que essas associações entre doenças/pragas e níveis de fertilidade do solo merecem mais estudos acurados.

De acordo com Lopes e Guilherme (2007) o manejo da fertilidade do solo por meio somente do uso eficiente de corretivos e fertilizantes é responsável, dentre os diversos fatores de produção, por cerca de 50% dos aumentos de produção e produtividade das culturas de milho e soja. Em termos de produtividade média de grãos a produtividade passou de 1,4 t/ha para 3,3 t/ha correspondendo a um aumento de 2,6 vezes, ou seja, de 160% em produtividade. Por outro lado, o aumento de área cultivada passou de 38 milhões de hectares para 57,6 milhões de hectares com um incremento de apena 1,5 vez, ou seja, de apenas 50% em área.

Em relação ao milho, a produtividade do milho aumentou 231,5% nos últimos 40 anos. Isso representa um crescimento médio anual de cerca de 5,8%. A produtividade do milho no Brasil evoluiu de 1.632 kg na safra 1976/77 para os atuais 5.409 kg por hectare na safra 2016/17 (estimado). Já a da soja nos últimos 25 anos a produção brasileira de soja triplicou. Esses incrementos de produtividade estão relacionados a todos os fatores de produção e não somente ao uso dos fertilizantes e corretivos.

A interpretação dos resultados das análises é feita após o estabelecimento de níveis para os elementos químicos do solo, o que se faz a partir de estudos de correlação entre os teores do elemento revelado pela análise e a resposta da planta à adição de quantidades suplementares do elemento ao solo. Essa correlação se faz mediante o preparo de curvas de calibração, cada uma válida para um dado nutriente (ou elemento químico) e preparada com os resultados das pesquisas de laboratório e de campo.

A partir da curva de calibração são estabelecidos os teores do elemento (nutriente) que limitam as classes de fertilidade. Convencionalmente, os teores que correspondem às produções relativas de 70%, 90% e 98%, respectivamente, definem os limites superiores das classes de fertilidade “muito baixa”, “baixa” e “média”. O valor que corresponde ao limite superior da classe média, multiplicado por dois dará o extremo superior da classe “alta”. Acima desse teor, os valores obtidos nas análises compreenderão a classe de fertilidade “muito alta”.

No caso do cultivo de grãos, o retorno do investimento em corretivos ocorre em até dois anos em terras recém-abertas, mas deve ser considerado um prazo de até quatro anos, que é o tempo médio para que todo calcário com PRNT na faixa de 90% se mineralize, perdendo o seu efeito corretivo da acidez do solo e do fornecimento de cálcio e magnésio.

Em termos de retorno do investimento financeiro relativo à aplicação de fertilizantes minerais, este deve ser recuperado ao final de cada safra de grãos, pois a diferença de produtividade em lavouras adubadas ou não, compensa o investimento em adubação mineral, sem considerar efeito residual que permanece no solo após cada cultivo. Esse adubo residual é que vai promovendo o incremento de fertilidade do solo com a evolução do tempo de cultivo da área.

Em regiões onde há falta ou dificuldade de se encontrar laboratórios que realizem análises químicas de solo que atenda ao produtor, a Embrapa Solos desenvolveu um laboratório móvel de análises de fertilidade do solo, que consiste em um laboratório completo, voltado as análises de fertilidade do solo, que opera dentro de um furgão: o Fertmovel.

Operando num espaço de apenas 14 metros cúbicos, o Fertmovel entrega uma análise de solo de fertilidade de rotina (pH, alumínio e alumínio+ hidrogênio, cálcio, magnésio, sódio, potássio e fósforo) ao cliente, num prazo máximo de 15 dias. “Inclusive, devido a uma parceria com o Instituto Brasileiro de Análises (IBRA), o Fertmovel já possui um software para saída de dados que fornece uma tabela de recomendação ao produtor”. A estimativa inicial é de realizar analisar 50 amostras por semana.

 

Bibliografia consultada

 

Manual de calagem e adubação do Estado do Rio de Janeiro – 2013

Fertilidade do solo. 2007. 1ª Edição. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo

 

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