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Como cultivar abóbora cabotiá?

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A abóbora cabotiá ou moranga japonesa é um híbrido interespecífico bastante cultivado no Brasil. Conheça suas características e saiba como cultivar.

A abóbora cabotiá é um dos alimentos mais versáteis do mundo. Semente, brotos, folhas, fruto verde e maduro são consumidos de diversas formas. Também pode ser usada com fins ornamentais. 

Bastante comum no Brasil, a cabotiá é simples e com um modelo de cultivo prático, exigindo apenas um ambiente com bastante sol, muita água e abrigo de ventos frios, já que ela é muito sensível às baixas temperaturas.

Convidamos Geovani Bernardo Amaro, pesquisador da Embrapa Hortaliças, para falar sobre a abóbora cabotiá, com seus benefícios, recomendações de cultivo e manejos. Confira!

O que é a abóbora cabotiá?

A abóbora ou moranga japonesa conhecida ‘Cabotiá’, é um híbrido interespecífico, resultado do cruzamento entre linhagens selecionadas de moranga. 

Seu grande sucesso no Brasil deve-se às suas qualidades agronômicas como: 

  • Rusticidade; 
  • Precocidade; 
  • Uniformidade; 
  • Elevado potencial produtivo; 
  • Qualidade organoléptica, incluindo textura, sabor, reduzido tempo de cozimento e prolongada conservação pós-colheita. 

Já seus frutos apresentam casca de coloração verde escura brilhante e rugosa, com formato globular. Pesam, em média, 2 kg. A polpa dos frutos é amarelo-alaranjada. 

A planta possui hábito de crescimento prostrado, indeterminado e vigoroso, apresentando ramas médias, com boa cobertura de flores femininas. Seu florescimento inicia-se, em geral, 35 dias após o plantio, estendendo-se por mais 35 dias.

Segundo o pesquisador da Embrapa, estes híbridos são importantes fontes de sais minerais. “A abóbora Cabotiá é rica em ferro, cálcio, magnésio e potássio, e vitaminas, em especial β-caroteno (pró-vitamina A), B, C e E”, comenta.

A produção brasileira ocorre em cerca de 42 mil hectares

Devido à boa adaptação às condições locais, Amaro salienta que esses híbridos têm grande importância econômica no Brasil. 

O Estado de Minas Gerais é considerado um grande produtor de abóbora cabotiá, com aproximadamente 36 mil toneladas por ano e produtividade média de 15 t/ha”.

Essas cultivares híbridas ocupam grande parte da área plantada com abóbora e moranga no Brasil. 

Essa área é superior a 42 mil hectares, com produtividade média de 16,0 ton/ha. Isso proporciona um volume total anual de 680.613 toneladas. 

Importante destacar que as áreas com domínio tecnológico de cultivo da cultura podem ultrapassar 20 ton/ha.

Aliado a isso, o maior nível tecnológico adotado pelos agricultores e o alto potencial produtivo faz com que a participação dessas abóboras seja muito superior ao volume comercializado com abóboras maduras de variedades comuns em grandes mercados das regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. 

Recomendações para o plantio da abóbora cabotiá

Segundo Geovani Amaro, a quantidade de produção da abóbora cabotiá no Brasil está alinhada ao seu consumo. 

O aumento de sua produção deve ser gradativo, mesmo com a possibilidade de armazenamento, de maneira a evitar oscilações de preço acentuado, que não é bom para a cadeia produtiva e para o consumidor”. 

Dessa forma, o pesquisador recomenda que aqueles agricultores que pretendem produzir devem fazer um estudo de mercado para determinar a qualidade, a quantidade e a melhor época para produção em sua região. 

Minha recomendação é iniciar com uma pequena produção e aumentar gradativamente”, diz.

Confira a seguir outras recomendações dadas pelo pesquisador da Embrapa Hortaliças:

Época de plantio

Essa variável depende da região de cultivo e das condições climáticas prevalecentes. Segundo Amaro, três fatores climáticos são muito importantes: 

  • Temperatura; 
  • Umidade; 
  • Luminosidade. 

Estes fatores influenciam no ciclo, na qualidade e na produtividade da abóbora”, afirma. 

As abóboras são hortaliças de clima tropical e podem ser plantadas durante todo o ano, em regiões quentes, desde que na ausência de chuvas se faça irrigação. Nas regiões frias e sujeitas a geadas, o plantio deve ser restrito ao período de agosto a fevereiro. 

Existem ainda limitações de luz e temperatura nas regiões serranas durante o inverno do Sudeste, Centro-Oeste e até do Nordeste brasileiro.

Tipo de solo

Para plantar na época das águas, deve-se escolher terrenos de encosta, levemente inclinados, preferencialmente com a face voltada para o leste. Para plantar em época seca, são preferidos os terrenos de baixadas visando à redução do uso de irrigações.

Propõe-se também um preparo mais racional do solo para o plantio de abóboras, já que grande parte do solo permanece exposta durante a maior parte do ciclo da cultura. 

Em muitos casos o cultivo mínimo ou o plantio direto pode ser uma boa alternativa, porém, predomina-se o cultivo convencional, que consiste na limpeza da área, seguida de aração, gradagem, coveamento ou sulcamento.

Dessa forma, o pesquisador recomenda que antes de começar o preparo do terreno é importante realizar a coleta de amostras do solo para análise de fertilidade. “Para cada área homogênea (gleba) de até 1 a 2 ha, coleta-se de 10 a 20 porções iguais de solo na camada até 20 cm de profundidade”. 

Correção do solo ou calagem

As recomendações de calagem e adubações serão feitas em função do resultado da análise do solo. 

Essa medida consiste na aplicação do calcário em função do resultado da análise do solo. “A calagem deve elevar o índice de saturação em bases para 70% sempre que seu valor for inferior a 60% e o teor de magnésio do solo a um mínimo de 1,0 cmolc/dm3”, explica o pesquisador. 

O calcário deve ser distribuído em toda área e incorporado ao solo pela aração e gradagem na profundidade de 20 cm, preferencialmente de 60 a 90 dias antes do plantio. Caso não chova neste período, é necessária a irrigação periódica para promover a reação do calcário com o solo. 

As abóboras cabotiá preferem um pH ideal do solo próximo a 6,5. Mas esse valor é relativo principalmente em função do tipo de solo e teor de matéria orgânica, podendo variar entre 5,5 a 6,8. 

Preparo para o plantio

Próximo ao plantio completa-se o preparo do solo com a segunda gradagem. Sua função é eliminar as plantas invasoras já estabelecidas. 

Em seguida faz-se a abertura de sulcos ou covas para a distribuição do adubo orgânico e mineral. As covas devem ter dimensões aproximadas de 40 cm de comprimento, 30 cm de largura e 25 cm de profundidade, já os sulcos devem ter cerca de 30 cm de largura e 25 de profundidade. 

A opção de plantio em sulco possibilita uma maior operacionalização do cultivo e uma melhor distribuição e incorporação dos adubos, sendo a mais viável para grandes áreas”, afirma Amaro.

Adubação básica

Segundo o pesquisador, a adubação básica antes do plantio nas covas ou sulcos está em função da fertilidade e textura do solo, e do espaçamento adotado. 

Porém, em solos com fertilidade média, a adubação básica por cova ou nos sulcos da abóbora cabotiá, pode ser feita pela incorporação de 2 kg de esterco bovino curtido ou composto orgânico, juntamente com 100 a 150 g do adubo mineral NPK com formulação 4-14-08, ou 50 a 75 g da formulação 4-30-16.

A adubação de cobertura, por sua vez, pode ser feita por meio de duas doses de 30 a 45 g/cova da formulação 20-0-20, aos 20 e 40 dias após a germinação. 

Demais estratégias que garantem o sucesso da abóbora cabotiá

Além de todos os pontos apresentados de preparo do solo, adubação e época de plantio, há outras estratégias que ajudam no sucesso da produção da abóbora cabotiá. Veja:

Modo de plantio

O plantio de abóbora japonesa pode ser realizado de duas formas: 

  • Semeio direto nas covas ou sulcos;
  • Transplantio de mudas. 

Segundo o pesquisador da Embrapa, as sementes destes híbridos possuem alto poder germinativo (geralmente próximo de 95 %) mas isso depende de outros fatores como solo, água e temperatura. 

A recomendação é colocar no máximo duas sementes por cova ou uma semente por metro linear a cerca de 2 cm de profundidade. Isso ajuda a dispensar o desbaste com economia de mão de obra e sementes. As falhas são compensadas pelas plantas circunvizinhas”. Quando se utiliza um maior espaçamento recomenda-se deixar 2 plantas por cova.

Já a utilização de mudas de abóboras possibilita um melhor: 

  • Estabelecimento da lavoura; 
  • Controle de plantas invasoras; e 
  • Aproveitamento da água de irrigação. 

Pelas vantagens desse processo o cultivo pelo transplantio de mudas vem se tornando comum entre pequenos e médios produtores”, opina Amaro. 

As mudas podem ser desenvolvidas em copinhos de papel ou plástico, ou em bandejas de isopor ou plásticas.

Geralmente com 14 dias após o semeio as mudas já estão prontas para o transplantio. Esse processo deve ser realizado nas horas mais frescas do dia seguido de uma leve irrigação. 

Para o bom estabelecimento das mudas, dependendo das condições climáticas e tipo de solo recomenda-se irrigação diárias ou a cada dois dias nas duas primeiras semanas após o transplantio. Após este período utiliza-se o turno de regas semelhante às áreas de semeio direto.

Escolha do local

O local ideal para a implantação da lavoura deve ser de fácil acesso, bem ensolarado e próximo a uma fonte de água de boa qualidade para a irrigação. 

O solo deve ser plano ou levemente inclinado, profundo, de textura média (areno-argiloso ou argilo-arenoso), arejado, bem drenado, porém com uma razoável capacidade de retenção de água, e se possível rico em matéria orgânica.

Espaçamento e número de sementes

Os espaçamentos mais utilizados são 2 a 3 m entre linhas e 1 a 2 m entre plantas na linha. “Atualmente o espaçamento de 3 m entre linhas e 1 a 1,5 m entre plantas é mais utilizado”, destaca Amaro. 

Os maiores espaçamentos são recomendados em plantios nas estações da primavera e verão em solos com boa fertilidade porque as plantas desenvolvem muito e possuem maior potencial produtivo.

O gasto com sementes, por sua vez, está em função do seu poder germinativo, do espaçamento adotado e do modo de plantio utilizado, se por muda ou semeio direto nas covas ou sulcos. 

Em média são cinco sementes por grama, assim o gasto de sementes híbridas da abóbora japonesa varia de 300 a 600 g/ha mais 100 a 150 g/ha de sementes do polinizador. 

O plantio por meio de mudas pode reduzir o gasto de sementes híbridas da abóbora japonesa para 300 g/ha, enquanto o semeio de duas sementes em covas pode elevar o gasto para aproximadamente 600 g/ha.

Colheita da abóbora cabotiá

A colheita inicia-se quando os frutos amadurecem, ou seja, quando as gavinhas das ramas secam, os pedúnculos dos frutos começam a secar e tornam-se corticosos. 

As abóboras japonesas do tipo Tetsukabuto apresentam boa uniformidade de concentração de maturação, sendo a colheita realizada entre 85 a 100 dias após o plantio.

Considerando a produção média de três frutos de 2,5 kg por planta, utilizando o espaçamento de 3,00 x 1,00 m a produtividade pode ultrapassar 20 t/ha, além da produção da moranga polinizadora. 

Porém, o pesquisador da Embrapa destaca que a produtividade normal varia entre 12 a 16 t/ha de frutos comerciais. “Essa produtividade varia de acordo com a época e local de plantio, com o híbrido e o espaçamento, utilizado e o nível tecnológico adotado”.

Após a colheita os frutos são lavados, selecionados e classificados por tamanho.

Por fim, o pesquisador salienta que as abóboras híbridas do tipo japonesa maduras possuem longo período de conservação pós-colheita, tanto que alguns frutos podem ser armazenados por mais de 3 meses em ambientes secos e sombreados. 

Mas, de maneira geral, a abóbora cabotiá é colhida e imediatamente comercializada, pois perdem umidade, podendo ultrapassar 8% de seu peso em 30 dias de armazenamento”, finaliza o pesquisador da Embrapa Hortaliças.

Continue acompanhando nossa seção de hortifrutis e conheça detalhes sobre as características de outras culturas

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