Há algum tempo eu escrevi um ebook sobre comunicação e a diferença entre falar e ser ouvido. Parece natural: quando você fala, alguém te ouve. Mas nem sempre isso acontece. Na nossa rotina, é comum perceber que tem gente que fala às vezes por horas, mas não consegue passar a sua mensagem.
Trouxe essa reflexão para a coluna porque fiquei pensando muito no poder de falar, ser ouvido e furar a bolha. Recentemente, vi uma ação promovida pelo Sindicato Rural de Pedra Preta, no interior do Mato Grosso, que levou para dentro dos supermercados placas com informações sobre os produtos, da carne vendida no açougue ao óleo de soja na prateleira. Estrategicamente colocadas próximas aos produtos, as frases lembravam os consumidores que aqueles itens não “nasceram” ali. A peça de contra filé não é produzida artificialmente, pelo contrário, ela precisou dos cuidados de um pecuarista com seu rebanho por pelo menos 48 meses. O feijão não “brotou” dentro da embalagem, mas é resultado do trabalho de um produtor rural que dedicou dias de trabalho para que o alimento chegasse até as pessoas. O leite, diferente do que muitas crianças da cidade pensam, não é feito por uma fábrica, mas sim ordenhado diariamente, inclusive aos domingos e feriados, por alguém que dedica sua vida ao trabalho no campo.
Todo mundo sabe que os supermercados são locais frequentados por milhares de pessoas todos os dias, mas nem sempre elas se lembram que tudo o que elas consomem vem do agronegócio. Uma iniciativa simples, mas que fura a bolha, pode conectar o agro a quem muitas vezes não conhece o papel dele ou até possui preconceito por sempre ouvir apenas coisas negativas sobre o setor.
Uma comunicação efetiva, que vai impactar o público-alvo, não precisa de ideias mirabolantes para atingir seu objetivo. Como escrevi na coluna da semana passada, “o óbvio precisa ser dito” e quando tomamos as rédeas do nosso negócio é possível somar nossas verdades com o que as pessoas precisam conhecer.
Como jornalista do agro e especialista em marketing, fiquei orgulhosa dessa estratégia que parece simples, mas tem um poder de impacto enorme. Certamente, cada pessoa que leu uma daquelas placas teve plantada dentro de si e pôde compartilhar a semente da importância do agro para o nosso país. Cabe a nós continuar regando-as sempre.
Monaliza Pelicioni é jornalista do agro, palestrante, empresária e sócia-diretora da Agência Pelicioni. Embaixadora da Agrishow, também é apresentadora do quadro Agro.Com no programa Tempo e Dinheiro e do podcast Notícias Agrícolas.
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