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Principais doenças da soja: quais são e como controlar?

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Mais de 40 doenças da soja podem comprometer a produtividade da cultura. Isso exige monitoramento constante e a adoção de medidas específicas de controle.

Explorar o máximo potencial produtivo na cultura da soja é o sonho de todo o produtor. Mas isso nem sempre é possível! As doenças da soja, causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus podem atingir a lavoura, causando sérios prejuízos à produtividade.

Aproximadamente 40 doenças já foram identificadas em lavouras de soja brasileiras. A importância econômica de cada uma varia de ano para ano e de região para região, dependendo principalmente das condições climáticas da safra.

Diante disso, convidamos Claudia Godoy e Maurício Meyer, pesquisadores da Embrapa Soja e Ronaldo Yugo, diretor do portfólio de fungicidas Latam da Bayer, para falar sobre quais são as principais doenças da soja, assim como suas medidas de controle.

Principais doenças da soja: doenças necrotróficas e doenças biotróficas

No Brasil, a soja é amplamente cultivada, com cultivares que se adequam às diferentes condições climáticas do país. No entanto, diferentes doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides incidem na cultura da soja, com diferente potencial de dano. 

Diante disso, Ronaldo Yugo destaca que é possível classificar as doenças na cultura da soja em dois grupos: 

  • Doenças necrotróficas - patógenos que irão sobreviver em restos culturais, como: Mancha Alvo, Cercospora, Antracnose, Septoriose e Mofo Branco; e 
  • Doenças biotróficas - patógenos que irão sobreviver em plantas vivas, como é o caso da ferrugem asiática da soja e do Oídio.

Yugo destaca que a ocorrência de ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) está em alta no Brasil, segundo dados do Consórcio Antiferrugem, liderado pela Embrapa. “O produtor deve ter bastante atenção, já que o problema pode trazer reduções de produtividade próximas a 70%, quando comparada a áreas tratadas e não tratadas com fungicidas”, salienta.

O mofo-branco também é uma grande ameaça, especialmente em regiões de maior altitude. “O problema dessa doença é que as estruturas desse fungo permanecem no solo por anos, esperando uma condição adequada de clima para se desenvolver e trazer prejuízos em safras futuras”, complementa o diretor do portfólio de fungicidas Latam da Bayer.

Outra doença que pode ocorrer no início do desenvolvimento da lavoura é o crestamento bacteriano, causado por Pseudomonas savastanoi pv. Glycinea

Essa é a doença bacteriana mais comum em soja, presente em todas as regiões onde há cultivo, mas sem importância econômica. Seus sintomas são manchas aquosas, semitransparentes quando observadas contra a luz, que necrosam e coalescem, formando áreas grandes de tecido morto”, destaca Maurício Meyer.

No final de ciclo, quando ocorre a maturação das plantas, há uma maior incidência de mancha-parda, podendo ou não estar associada ao crestamento foliar de Cercospora (Cercospora spp.), formando o complexo de doenças de final de ciclo (DFC). 

Sintomas mais comuns das principais doenças da soja

Em safras com maiores volumes de chuva durante a implantação das lavouras, logo após a emergência da cultura, pode ser observada a morte de plântulas ou tombamentos que podem estar associados a fungos de solo

No entanto, os patógenos mais recorrentes, como Rhizoctonia solani, Sclerotium rolfsii, Fusarium spp. e Phytophthora sojae, podem causar sintomas semelhantes, sendo difícil para o produtor identificar o agente causal. 

De forma geral, os pesquisadores da Embrapa destacam que essas doenças ocorrem em reboleiras, em razão da distribuição desuniforme dos patógenos no solo, com maior frequência em condições de alta umidade e temperatura. 

Os sintomas geralmente se manifestam com a morte inicial da plântula, podendo ser observado estrangulamento da haste no nível do solo, resultando em murcha ou tombamento”, complementam Godoy e Meyer. 

Já o mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum é uma das doenças da soja extremamente dependentes de condições ambientais favoráveis, seus danos manifestam-se com maior severidade em áreas acima de 600 m de altitude, em safras com clima chuvoso e temperatura amena (médias inferiores a 25 ºC). 

Meyer ressalta que esse é um fungo capaz de infectar qualquer parte da planta, porém, destaca que as infecções se iniciam com frequência a partir de flores, nas axilas das folhas e nos ramos laterais. 

“Em poucos dias, as hastes apresentam lesões necróticas com formação de micélio branco, de onde se formam os escleródios, estruturas negras e rígidas que são as estruturas de sobrevivência do fungo no solo de uma safra para outra”, complementa.

As manchas foliares são também sintomas comuns observados durante o desenvolvimento da lavoura de soja. As primeiras manchas foliares observadas são associadas a fungos que sobrevivem em restos de cultura como Septoria glycines, que causam a mancha-parda

Esse fungo pode colonizar as primeiras folhas principalmente quando há excesso de chuvas associado a alta população de plantas, compactação do solo, deficiência nutricional ou fitotoxicidade de herbicidas. No entanto, na maioria dos casos, a desfolha não é significativa nos estádios iniciais”, salienta Claudia Godoy. 

Já no final do ciclo, os sintomas do crestamento foliar de Cercospora podem ocorrer em folhas, pecíolos, hastes, vagens e sementes. Nas folhas, os sintomas são caracterizados por lesões castanho-avermelhadas, com bordas irregulares. 

Nas hastes e nos pecíolos, o fungo causa manchas avermelhadas, geralmente superficiais. O fungo também infecta a semente e causa a mancha-púrpura no tegumento. 

Os sintomas do oídio, por sua vez, ocorrem em toda a parte aérea, onde se observam estruturas brancas constituídas de micélio e esporos pulverulentos do patógeno.

Métodos e estratégias de controle das principais doenças da soja

As doenças da soja são um dos principais limitantes dos altos rendimentos da cultura. Elas passaram a ter maior importância com o aumento da área semeada, a ampla janela de semeadura, a expansão da cultura para novas regiões e a entrada de novos patógenos.

Por essa razão, é dever dos produtores aplicarem os métodos e estratégias de controle e combate dessas doenças, protegendo sua produtividade e o valor investido.

As principais estratégias de controle se baseiam em:

1 - Uso de cultivares resistentes

A escolha de cultivar com resistência a determinadas doenças está entre as medidas de controle na soja mais eficientes. Também é importante escolher sementes de procedência conhecida, com certificação oficial. 

O produtor deve se atentar às variedades mais novas, que trazem consigo atualizações importantes para o combate de doenças já há tempos estabelecidas e testar, principalmente nos talhões onde o problema é recorrente”, recomenda Ronaldo Yugo.

2 - MIP (Manejo integrado de pragas)

 Não há uma única medida de controle que trará efetividade contra doenças na cultura, por isso o ideal é adotar manejos complementares, com monitoramento prévio e planejamento.

 Dessa forma, para um manejo eficiente das doenças da soja o ideal é combinar diferentes técnicas de controle como: 

  • Rotação de culturas; 
  • Manutenção de áreas de pousio; 
  • Uso de cultivares resistentes a doenças; 
  • Plantio de sementes sadias e certificadas; 
  • Respeito ao calendário de plantio regional; 
  • Controle de plantas daninhas invasoras;
  • Limpeza de máquinas e de equipamentos após utilização em área infestada
  • Manutenção da cobertura vegetal do solo, adubação e fertilização; 
  • Controle biológico; e 
  • Manejo de fungicidas.

Para Claudia Godoy, um claro exemplo da eficiência de uso do MIP é no mofo-branco. “Para melhor controle dessa doença a integração de medidas de controle funcionam muito bem e devem ser adotadas”.

É importante também ressaltar que cada medida adotada na propriedade precisa estar em sintonia com as características e recomendações de um engenheiro agrônomo para uma maior eficiência no controle.

3 - Uso de fungicidas

 O uso dos fungicidas pode ser, literalmente, “a salvação da lavoura”, já que sua prescrição pode ser preventiva. Mas, Ronaldo Yugo reforça que o sucesso desse manejo depende de fatores importantes que devem ser levados em consideração, como: 

  • Escolha dos produtos adequados para cada situação: 
  • Período correto de aplicação; associações utilizadas; e 
  • Modo de aplicação.

 “A escolha do melhor fungicida exige conhecimento do contexto da lavoura e da região, compreendendo as características da cultura, do clima e da espécie de fungo patógeno em questão”, complementa o diretor do portfólio de fungicidas Latam da Bayer.

4 - Rotação de culturas

 A rotação de culturas trouxe uma revolução para a agricultura em termos de sustentabilidade e produtividade. Esse manejo auxilia diretamente no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, além de ajudar no uso racional de defensivos, melhorar a qualidade biológica do solo e diminuir custos de produção.

 Consequentemente, a rotação é uma forte aliada no manejo de doenças causadas por patógenos que sobrevivem no solo ou em restos culturais, e para aquelas doenças que dependem da presença de um hospedeiro, pois a população entra em declínio na sua ausência. 

Ou seja, a rotação de culturas é uma das práticas obrigatórias do manejo integrado contra doenças da soja e nunca deve ser negligenciada.

Por fim, devido à sua severidade, a ferrugem-asiática exige extrema atenção. Em razão do vazio sanitário que reduz o inóculo do fungo na entressafra, a ferrugem tem sido mais comum nas semeaduras tardias, a partir de novembro. 

Por essa razão, os pesquisadores da Embrapa destacam que a semeadura no início da época recomendada com cultivares precoces é uma das principais estratégias para escapar da doença, uma vez que o fungo inicia sua multiplicação após o período do vazio sanitário. 

Além disso, o monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura e o acompanhamento da presença da doença na região é importante para não atrasar o controle com fungicidas, que devem ser aplicados preventivamente ou no aparecimento dos sintomas. 

Você sabia que o El Niño pode intensificar as doenças no final do ciclo da soja? Confira este artigo da Agrishow Digital e entenda a razão

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